A Associação Artesanal do Excepcional de Ponta Grossa (Assarte) atende 67 alunos com deficiência intelectual e com idade de 16 a 45 anos. Por detrás de sorrisos tímidos, se encontram personalidades carismáticas. É notável o esforço pela superação do limites na busca por expressar suas experiências e anseios.
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Uma das alunas é Zaíne Mayara de Lima Borges, 21 anos, que está matriculada na instituição há 13 anos. Pela expressão de satisfação, é possível ver o quanto ela se sente bem ao lado dos companheiros na rotina diária da escola. “Eu gosto de conversar com eles”, diz ela sobre os amigos conquistados na escola.
A jovem, apesar das limitações, exibe, com orgulho, uma de suas habilidades: a expressão vocal, em entonações e ritmos diferentes. Além de cantar, Zaíne também gosta de dançar, sendo o funk e o rap seus ritmos preferidos.
O sonho de Zaíne é ser professora, mas ela não quer ser uma educadora tradicional. A jovem quer ensinar o que ela faz de melhor. “Eu gosto de dançar e danço muito bem. Quero ensinar isso”. A aluna conta ainda que pretende fazer um curso para aprender mais sobre a dança e poder dar aulas.
Zaíne apresentou-se no show de calouros da escola, cantando uma música evangélica de autoria de Aline Barros. A interpretação encantou pais e professores que estiveram presentes no evento. “Ela foi uma das revelações deste ano. Ela cantou maravilhosamente. Cantou e dramatizou encantando o público”, diz a professora Silmara Carneiro.
A aluna não cantou sozinha. Seu colega de escola, Lynecker Vicente, de 21 anos, foi par no show de talentos da escola. Assim como Zaine, Lynecker gosta de cantar. O estudante está na Assarte desde os 18 anos. Ele gosta de estudar e de praticar as atividades extras oferecidas pela escola, como cursos de culinária e de marcenaria.
Lynecker namora uma colega que conheceu na escola. Estão juntos há dois anos e têm um relacionamento assumido. O jovem sonha em, após sair da Assarte, entrar no mercado de trabalho para poder ganhar seu próprio dinheiro.
Apesar de os dois possuírem personalidades bem diferentes, a deficiência intelectual os aproximou, contribuindo para a superação não só das limitações, mas também os preconceitos por essa condição. “Eufico muito chateado, pois, às vezes, há pessoas que ficam falando de mim”, revela Lynecker.
A escola contribui não somente para a superação das limitações e do preconceito, mas também para a ampliação das relações sociais. Zaíne diz que antes não era de ter muitos amigos. Somente depois de começar a frequentar a Assarte, ela se sentiu mais a vontade para fazer amizades.
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