
O site do projeto de extensão Portal Comunitário, do Curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), foi reformulado para abrigar recursos que facilitem o acesso a pessoas com deficiências. Para marcar a reformulação foi realizada na noite desta sexta-feira, dia 15, o relançamento do site em uma festa julina na Estação Arte.
O evento teve a participação das entidades que o projeto acompanha. A Sociedade Afro-brasileira, o Grupo Muzenza de capoeira e produtores de hip-hop foram alguns dos grupos que marcaram presença.
Durante o evento aconteceram algumas apresentações culturais: o grupo Seresta Reviver, os rappers Two Clock e Malinari, o Grupo Muzenza de capoeira e o estudante de jornalismo Lucas Cabral.

O regente do Seresta Reviver, Renato Costa Pinto, disse que deveriam acontecer mais eventos como esse, para maior conhecimento mútuo dos projetos e lamentou a coincidência de datas com a passagem da tocha olímpica.
“Eu também dou aula na Apadevi e era para vir muita gente aqui, mas com o início das férias e a tocha, o pessoal acabou dispersando”, concluiu Renato.
Acessibilidade
O Portal Comunitário está no ar desde agosto de 2016. Nestes oito anos, conta com a parceria de mais de 60 grupos da comunidade (associações, ONGs, sindicatos e movimentos sociais).
Várias destas entidades se dedicam ao apoio e inclusão social de pessoas com deficiência, como a Apadevi, a Unidev, a ADFPG, a Apedef, a Assarte e a APACD. Para que os/as participantes destes grupos sejam também usuários do site e não somente tema e fonte de informações nas notícias, a equipe que faz o Portal tem buscado implantar mecanismos de acessibilidade.
Muitas foram as pesquisas e estudos dos padrões de acessibilidade estabelecidos pela W3C-WAI (WAI é a sigla do nome em inglês "Web Accessibility Initiative", órgão do Consórcio Internacional da World Wide Web, conhecido como W3C).
Finalmente, neste primeiro semestre de 2016, o site foi reinstalado com o desenho, características de estilo e estrutura de navegação que obedecem as diretrizes internacionais de garantia de acesso ao maior número de pessoas possível.
Assim, o Portal passou a contar com uma série de mecanismos de acessibilidade, entre os quais:
- Estrutura semântica correta, validada pelo padrão HTML5;
- Organização das páginas em blocos que facilitam o reconhecimento e usabilidade;
- Opção de navegação somente pelo teclado;
- Somente menus estendidos, com estrutura perceptível, em vez de menus dropdown;
- Módulos com cabeçalhos identificáveis por software de leitura de tela;
- Imagens e demais elementos gráficos com descrição em texto adequadas ao uso de leitores de tela;
- Slideshow acessível (torna-se uma sequência de fotos, com as respectivas descrições, quando acionado o "Alto Contraste");
- Conteúdos em texto com alterativa em áudio (por exemplo, a seção de vagas de emprego);
- Opção de estrutura "líquida" (flexível) ou "completa" (fixa, preenchendo toda a tela do usuário);
- Opção de menos ou mais luminosidade na tela;
- Para melhor legibilidade, três opções na apresentação das fontes (sem serifa, com serifa, ou em negrito);
- Opção de aumentar ou diminuir o tamanho das letras;
Para a professora Cíntia Xavier, coordenadora do projeto, o trabalho não está terminado. Ela explica que a acessibilidade está sempre em construção. "Demos um passo importante, estamos conseguindo cumprir razoavelmente a legislação. Mas a garantia de acessibilidade é uma tarefa permanente que depende do empenho de todos. Não é uma coisa que se faz uma vez e está tudo certo e pronto".
De acordo com a professora, entre as tarefas que precisam de dedicação no dia a dia, está, por exemplo, a descrição do conteúdo de cada nova foto ou imagem que é postada. Sem a descrição, o aplicativo de leitura de tela ignora estes conteúdos.
"O próximo passo é pedir a avaliação de pessoas com diferentes características sensoriais. Com a identificação dos problemas ainda existentes, podemos trabalhar na sua correção", conclui.
Sobre a acessibilidade na internet, o Art. 63 do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº13.146/2015) estabelece que:
"É obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet mantidos por empresas com sede ou representação comercial no País ou por órgãos de governo, para uso da pessoa com deficiência, garantindo-lhe acesso às informações disponíveis, conforme as melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas internacionalmente."
De acordo com o W3C Brasil, o Desenho Universal é o fundamento mais importante para o conceito de acessibilidade:
"São sete os princípios do Desenho Universal:
• Equiparação nas possibilidades de uso: pode ser utilizado por qualquer usuário em condições equivalentes.
• Flexibilidade de uso: atende a uma ampla gama de indivíduos, preferências e habilidades individuais.
• Uso simples e intuitivo: fácil de compreender, independentemente da experiência do usuário, de seus conhecimentos, aptidões linguísticas ou nível de concentração.
• Informação perceptível: fornece de forma eficaz a informação necessária, quaisquer que sejam as condições ambientais/físicas existentes ou as capacidades sensoriais do usuário.
• Tolerância ao erro: minimiza riscos e consequências negativas decorrentes de ações acidentais ou involuntárias.
• Mínimo esforço físico: pode ser utilizado de forma eficiente e confortável, com um mínimo de fadiga.
• Dimensão e espaço para uso e interação: espaço e dimensão adequados para a interação, o manuseio e a utilização, independentemente da estatura, da mobilidade ou da postura do usuário.



Na opção Alto Contraste, é apresentado ao usuário o slideshow desmontado com a descrição das imagens, assim como um cabeçalho em texto para cada elemento gráfico da página
Veja também
Cartilha "Acessibilidade na web", de autoria do W3C Brasil